terça-feira, 29 de outubro de 2019

A APRENDIZAGEM DIALÓGICA E COMUNIDADE DE APRENDIZAGEM EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL: POSSIBILIDADES PARA INOVAR NAS PRÁTICAS FORMATIVAS



Manoel dos Santos1
Cristiana Saddy Martins2
Marlene Francisca Tabanez3
Suzana Machado Padua4

Eixo Temático e Tema: Políticas, Programas e Práticas de Educação Ambiental e Formação de Educadores em Educação Ambiental.

Palavras-Chave: Aprendizagem Dialógica; Comunidade de Aprendizagem; Tertúlia Pedagógica Dialógica; Formação de Professores.

Este estudo é parte da reflexão estabelecida na dissertação de mestrado que analisou a Educação Ambiental no Curso de Pedagogia a partir do projeto acadêmico-curricular de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), apresentada como requisito para a obtenção do grau de mestre profissional em Conservação da Biodiversidade pelo Instituto de Pesquisas Ecológicas – IPÊ/São Paulo. O presente recorte tem como objetivo apresentar as contribuições da aprendizagem dialógica no contexto do projeto comunidade de aprendizagem através da atuação educativa de êxito denominada tertúlia dialógica pedagógica, como instrumento metodológico transformador na formação de professores em educação ambiental, objetivando inovar nas futuras práticas educativas, adotando novas formas de aprender e de contribuir conhecimentos socioambientais, de forma dialógica e transformadora. A metodologia utilizada foi a do tipo análise bibliográfica sobre as temáticas abordadas de maneira articulada e dialógica entre as diferentes abordagens conceituais. A concepção de aprendizagem dialógica está pautada em sete princípios, a saber: diálogo igualitário, inteligência cultural, transformação, dimensão instrumental, criação de sentido, solidariedade e igualdade de diferenças (FLECHA, 1997; AUBERT et al., 2016). A aprendizagem dialógica representa uma oportunidade para a utilização de “habilidades comunicativas”, onde a “[...] aprendizagem dos elementos fundamentais de nossa realidade é focalizada, mas os objetivos a serem alcançados e os conteúdos a serem desenvolvidos são consensualizados coletivamente entre profissionais, familiares e estudantes” (MELLO, et al., 2012, p. 65). Os fundamentos e princípios da aprendizagem dialógica estão sustentados no referencial teórico da ação comunicativa, de Jurgen Habermas ([1981]2001), a qual parte do pressuposto que todas as pessoas têm a capacidade de linguagem e ação. E, na abordagem sociocultural/teoria da ação dialógica, desenvolvida pelo educador brasileiro, Paulo Freire. Para Freire (1979), a dialogicidade é algo “[...] cheia de curiosidade, de inquietação e de respeito mútuo entre os sujeitos que dialogam. Comunidade de Aprendizagem é uma proposta educativa de transformação social e cultural que inicia na escola, mas que se expande para toda a comunidade a partir da participação de familiares e voluntários nas decisões e atividades da escolar (AUBERT et al., 2016). Neste sentido, a Comunidade de Aprendizagem para formação de professores em educação ambiental representa, conforme Orellana (2001, p. 44) “[…] un paso significativo hacia importantes cambios educacionales, entre los que destacan los cambíos en las condiciones de aprendizaje y las estructuras de formación”. Em educação ambiental, possibilita um processo reflexivo e profundo que extrapola a sala de aula e favorece a articulação entre teoria e prática e propicia a visão crítica diante do mundo. Os resultados parciais indicam que, os professores que assumem um compromisso pelas transformações socioambientais tendo como base uma proposta metodológica fundamentada em um conjunto de atuações educativas de êxito, tomando como referência as estratégias da tertúlia pedagógica dialógica, para formação de professores em educação ambiental, pautadas na concepção da aprendizagem dialógica, devem ser participativos e “[...] consensualizados coletivamente, entre profissionais envolvidos nas práticas educativas” (MELLO, et al. 2012, p. 65) socioambientais, bem como considerar o envolvimento do alunado e de membros da comunidade neste processo. A formação de professores em educação ambiental no contexto da comunidade de aprendizagem poderá favorecer a construção de situações inovadoras de aprendizagem e de reflexões que valorizem a formação humana para a emancipação dos seus educandos. E dessa forma, pode possibilitar a problematização das estruturas de desigualdades sociais apresentadas e permitir a construção de uma visão crítica para a inserção dos conhecimentos dentro deste pressuposto nas respectivas áreas de atuação (FRANCO, 2003).

1 Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade – ESCAS/IPÊ-SP. E-mail: kalilmanoel@hotmail.com
2 Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade – ESCAS/IPÊ-SP. E-mail: ipecristi@uol.com.br
3 Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade – ESCAS/IPÊ-SP. E-mail: marlenetabanez@gmail.com
4 Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade – ESCAS/IPÊ-SP. E-mail: suzana@ipe.org.br


Referências

AUBERT, Adriana [et al.]. Aprendizagem Dialógica na Sociedade da Informação. São Paulo: São Carlos, EDUFSCar, 2016.
FLECHA, R. Compartiendo palabras. Barcelona: Paidós, 1997. Disponível em:< https://pt.scribd.com/document/208948998/Compartiendo-Palabras-Ramon-Flecha#scribd>. Acesso em: 30 de setembro de 2015.
FRANCO, Maria Amélia Santoro. Pedagogia como ciência da educação. Campinas, SP: Pairus, 2003, p. 15-117.
FREIRE, Paulo. Conscientização teoria e prática da libertação: uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Cortez & Moraes, 1979.
MELLO, Roseli Rodrigues de; BRAGA, Fabiana Marini; GABASSA, Vanessa. Comunidades de Aprendizagem: outra escola é possível. São Paulo: EDUFSCar, 2012.
ORELLANA, Isabel. La Comunidad de Aprendizaje en Educación Ambiental: una estrategia pedagógica que abre nuevas perspectivas en el marco de los cambios educacionales actuales. Tópicos en Educación Ambiental, Vol. 3, nº 7, p. 43-51, México, 2001. HABERMAS, J. Teoria de la acción comunicativa: racionalidad de la acción y racionalización social, Vol. 1, Madrid: Taurus, ([1981]2001). (Publicado originalmente em 1981).

Fonte: Revbea, São Paulo, V. 10, No 3 – Anais do IX FBEA: 01-03, 2017


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